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Quando nos referimos ao comportamento antissocial, estamos nos referindo a um conjunto de comportamentos que têm como características ações de impulsividade, rebeldia, transgressão, agressividade, desprezo por normas sociais e indiferença ou desrespeito pelos direitos e pelos sentimentos dos outros.

Didaticamente, podemos dividir a categoria de comportamento antissocial em dois subtipos, um marcado por comportamentos de desobediência, agressividade e irritação; e outro marcado pela não presença no repertório da criança de comportamentos pró sociais, caracterizados por ações que envolvem cooperatividade, colaboratividade e comunicatividade.

É esperado que crianças apresentem algum grau de comportamento antissocial e isso não necessariamente é um problema. Diante dos fatos, os cuidadores devem orientar a criança sobre o que é esperado socialmente e ensiná-la a reparar o dano, caso seja possível, tal como pedir desculpa, tentar consertar um brinquedo do amigo que tenha quebrado, etc. Entretanto, quando a criança apresenta em seu repertório comportamental uma alta frequência de comportamentos antissociais, este fato gera um problema social para ela (isolamento, perda de amigos, etc.), podendo ainda ter como consequências problemas no desempenho escolar. Além disso, a insistência nesses comportamentos pode ser indicativos ou comportamentos precedentes de transtornos psiquiátricos.

Para diferenciar normalidade de psicopatologia, é importante verificar se esses comportamentos ocorrem esporadicamente e de modo isolado ou se constituem síndromes, representando um desvio do padrão de comportamento esperado para pessoas da mesma idade e sexo em determinada cultura. Com base em critérios diagnósticos internacionais do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM – V), observa-se que o comportamento anti-social persistente faz parte de alguns diagnósticos psiquiátricos. O transtorno da conduta e o transtorno desafiador opositor são categorias diagnósticas usadas para crianças e adolescentes, enquanto o transtorno de personalidade anti-social aplica-se aos indivíduos com 18 anos ou mais. É importante lembrar que estes diagnósticos, para que sejam bem feitos, precisam ser realizados por profissionais aptos, no caso, os médicos Psiquiatras.

A literatura científica aponta que o ambiente de desenvolvimento infantil é um dos principais fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de comportamentos antissociais. Neste período da vida da criança, os pais funcionam como modelo do comportamento infantil e famílias com alto índice de conflitos de diferentes naturezas, como estratégias disciplinares inconsistentes ou com alto grau de severidade, discórdia conjugal, mudanças frequentes do responsável principal ou de habitação e vivência de abuso físico ou mental, são mais propensas a terem crianças que apresentem comportamentos antissociais. Além disso, é comum que o comportamento antissocial figure como resposta a um estressor particular do ambiente infantil, como nos casos de morte de um dos familiares ou divórcio, ocorrendo durante um determinado período de tempo. Tendo em vista as principais razões do comportamento antissocial, é possível evitar e manejar o desenvolvimento desse tipo de condição.

De modo geral, o oferecimento de um ambiente calmo, com a imposição de limites claros e justificados, em que se preserve o diálogo e o equilíbrio e se busque desenvolver a inteligência emocional da criança, contribui significativamente para alcançar esse objetivo. São crianças e jovens que estão testando o ambiente sobre até onde podem ir. Estabelecer limites consistentes, nesses casos, é uma forma de olhar com amor para eles, para que possam desenvolver melhor sua inteligência emocional.

Escrito por Anna Beatriz Carnielli Howat Rodrigues
CRP 16/2307

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